@MASTERSTHESIS{ 2015:589860117, title = {Do saber do povo ao erro da Globo : uma análise discursiva do acontecimento Diretas Já}, year = {2015}, url = "http://10.0.217.128:8080/jspui/handle/tede/984", abstract = "Este trabalho analisa o discurso jornalístico sobre o político na cobertura das Diretas Já realizada pela Rede Globo de Televisão a partir da retomada desse acontecimento no portal de memórias da emissora na internet. Interessa nesta pesquisa, à luz da Análise de Discurso de linha francesa, identificar como esse acontecimento foi tratado e quais os efeitos de sentido ecoaram, mesmo que encobertos por pretensa imparcialidade jornalística. Na seção Erros do seu portal de memórias, a Globo admite dois deslizes, sendo um deles a cobertura jornalística da campanha Diretas Já, em 1983 e 1984. A emissora foi acusada de não dar destaque ao movimento em seus telejornais. Foi nesse período, durante manifestações do povo nas ruas, que se popularizou o bordão o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo . Para unir todas as pontas dos fios que compõem esse emaranhado discurso, são movidos os conceitos fundamentais da AD francesa: de sujeito, de ideologia, de materialismo histórico, de condições de produção, de formação ideológica, de formação discursiva e de memória discursiva. O olhar sobre o discurso jornalístico se dá sob as lentes dos conceitos de acontecimento histórico, político, jornalístico, discursivo e enunciativo. O equívoco e a contradição tratados como erros pela emissora são movidos pelas noções de real e impossível da língua e da história e pelos conceitos de designação e determinação. Feita a seleção do texto do site e a transcrição dos 13 vídeos de reportagem e dos dez vídeos de depoimentos de profissionais envolvidos na cobertura, chega-se a 105 sequências discursivas, divididas em sete recortes. Nosso corpus é permeado por três formações discursivas (FD): a governista-militar, a das Diretas e a jornalística. Na FD jornalística foram identificadas três posições-sujeito (PS): a de jornalista político, a de apagamento do político e a de jornalista. A FD governista-militar instaura duas PS: a de defesa do regime militar e a de reconhecimento das manifestações populares. Já na FD das Diretas foram identificadas as PS de luta pela democracia, de luta pela demarcação das terras indígenas e de aderência ao movimento. Quanto aos lugares discursivos, os sujeitos se inscrevem nos lugares de jornalista, de jornalista político, de político, de historiador e de fonte jornalística. Dois acontecimentos enunciativos foram identificados na análise, marcando a heterogeneidade das FDs. Tais acontecimentos irrompem nas PS de reconhecimento das manifestações populares e de apagamento do político. O equívoco das formulações foi percebido no jogo metafórico entre as palavras festa-comício-manifestação e nos deslizamentos de sentido que provocou. A política só irrompe o discurso de entretenimento na fala/entrevista dos próprios políticos, quando também se percebe que o regime militar usou as Diretas como fator de negociação para uma abertura lenta, gradual e segura . Na costura de todas as análises, percebemos que o movimento Diretas Já marca a irrupção de novos saberes até então interditados naquela formação social e, dessa forma, constitui-se como um acontecimento discursivo. Além de se dar na e pela língua, o movimento também é um importante acontecimento histórico, jornalístico e político. No entanto, as Diretas aparecem na Globo apenas como fato noticioso, pois, em grande parte das SDs, o sujeito jornalista deste corpus assume uma posição permeada por saberes da FD governista-militar. Assim, ao retomar o acontecimento em seu portal de memórias, a emissora não reconhece o erro. A retomada é uma tentativa de reescrever a história, produzindo novas memórias sobre a cobertura", publisher = {Universidade de Passo Fundo}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Estudos Linguísticos e Estudos Literários} }