@PHDTHESIS{ 2019:1230328032, title = {A verdade do corpo sobre as páginas do livro: uma leitura fenomenológica de Lavoura arcaica}, year = {2019}, url = "http://tede.upf.br:8080/jspui/handle/tede/2015", abstract = "Publicado em 1975, o romance Lavoura arcaica é o marco inaugural de uma das mais atípicas e brilhantes carreiras literárias do país. Após sua primeira incursão pelo campo editorial, Raduan Nassar publicaria em livro apenas mais uma novela e uma coletânea de cinco textos curtos, aos quais seriam acrescidos, no decorrer dos anos, de maneira esparsa e esporádica, alguns outros. Ainda assim, o autor paulista foi capaz de inscrever seu nome na história da literatura nacional, com um trabalho cuja força é inversamente proporcional à sua extensão. Descendente de imigrantes libaneses, o escritor encontra em suas raízes o solo firme sobre o qual assenta a história de André, o membro insurgente de uma numerosa família de agricultores, que vislumbra no amor incestuoso por uma das irmãs a esperança de finalmente encontrar um lugar para si à “mesa da família”. Porém, mais do que criar a história de um amor transgressor, Raduan Nassar erige, aqui, uma narrativa que faz da linguagem a própria imagem da relação de seu protagonista com as coisas do mundo. André é como que uma chaga viva, que lateja em meio a uma mistura de emoções entre as quais é possível encontrar afeto, rancor, amor, ódio e um difuso e doloroso desejo sexual. A maneira como o narrador nassariano expressa o que sente pela própria família traz à tona a noção de corpo tal como ela é trabalhada por Maurice Merleau-Ponty em sua fenomenologia da percepção. Para o filósofo francês, o corpo “transforma as ideias em coisas”, e age como catalisador, como amálgama de uma complexa interação entre consciência, corporeidade e cultura, que só pode ser compreendida num espaço de combate à severa separação cartesiana entre pensamento e matéria que se encontra na base da civilização ocidental. Para o filósofo francês, a verdade do ser-no-mundo é a verdade de um corpo tocante e tocado, que percebe todas as coisas antes da elaboração tética naturalizada pela consciência intelectual do ocidente. Assim, é a partir da fenomenologia merleau-pontyana que olho aqui para a principal obra de Raduan Nassar, e busco encontrar, em meio a suas páginas, a maneira como a verdade do corpo de André se manifesta na linguagem literária desde o exato instante em que ele começa a narrar sua arcaica lavoura.", publisher = {Universidade de Passo Fundo}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH} }