@PHDTHESIS{ 2018:1916694389, title = {Quem não gosta de samba bom sujeito não é: um estudo enunciativo do samba raiz}, year = {2018}, url = "http://tede.upf.br/jspui/handle/tede/1636", abstract = "Esta tese tem como objetivo geral promover um estudo enunciativo do samba de raiz enquanto experiência do sujeito sobrevivente à cultura brasileira. Com base na teoria enunciativa de Émile Benveniste, demarcamos um itinerário de leitura que prevê a indissociabilidade entre língua, cultura e sociedade. O problema de pesquisa que visamos a responder é o seguinte: como o samba de raiz constitui um enunciador que é testemunha? Desse questionamento construímos três hipóteses, a saber: as condições enunciativas no cenário pluriétnico da Pequena África promoveram discursos os quais garantiram ao samba um lugar na cultura brasileira; o sujeito que se constitui no discurso do samba de raiz produz uma figura que é superstes; a língua, quando enunciada, produz o testemunho do samba de raiz. Em primeiro momento, contextualizamos o nosso objeto de estudo, descrevendo, a partir de uma concepção semiológica da língua, a sociedade particular referente à raiz do samba quando de suas primeiras manifestações no Rio de Janeiro, mais precisamente na Pequena África, espaço este que abrange todo um conjunto simbólico de representações intrínsecas à cultura do samba, criando enunciações que refletem esses valores na e pela língua. Na sequência, considerando nosso problema de pesquisa, olhamos para o sujeito que se constitui no discurso a partir de Giorgio Agamben (2008) e construímos uma reflexão que abrange a noção de testemunha peculiar até a construção teórica de um sujeito da enunciação em Benveniste. Isso porque, ao defendermos que o samba agoniza, mas não morre, porque constrói um sujeito que é testemunha do lugar que o samba de raiz ocupa na sociedade brasileira, essa figura construída na e pela linguagem carrega as marcas de um sobrevivente - no sentido de Agamben (2008). O terceiro momento é dedicado à teoria enunciativa de Benveniste, cuja leitura está amparada no texto Estrutura da língua e estrutura da sociedade (BENVENISTE, 1968c/2006). A partir da tese nele apresentada, a de que a língua contém a sociedade, e considerando que o homem dispõe apenas de um meio para viver o presente que é o discurso, entendemos que o colocar em funcionamento a língua por um ato individual pressupõe um saber sobre o homem na linguagem que se constrói fundamentalmente na relação entre língua, cultura e sociedade. É assim que o caminho desta tese está estruturalmente organizado: pela tríade sociedade - homem/sujeito - língua(gem). Delimitado o objeto de análise e apresentados os constructos teóricos desta tese, procedemos à análise enunciativa do samba de raiz, para mostrar como a língua faz falar um sujeito que é sobrevivente. O trajeto percorrido evidencia que: o samba nasce marginal, sua testemunha por excelência é o descendente de escravo, que significa o estrangeiro, é um "homem sem direitos" e encontra-se do lado de fora do "desenvolvimento da comunidade" (BENVENISTE, 1995a) e, assim, fora da língua. Hilário Jovino Ferreira, Zé Espinguela, Caninha, Sinhô, João da Baiana, Donga, Pixinguinha, Candeia, Ismael Silva, entre tantos outros se colocam como superstes, ou seja, atravessaram desde o início a consolidação do samba no Brasil. Seus testemunhos permanecem em outras vozes, em outros tempos. Isso porque a língua de seus testemunhos, quando enunciada, revela os valores que garantem ao samba um lugar na cultura brasileira. Seus testemunhos carregam uma relação paradoxal da constituição do sujeito enunciativo: o valor ético da testemunha integral da raiz do samba que se reinventa a cada acontecimento da linguagem pela possibilidade instituída na e pela língua.", publisher = {Universidade de Passo Fundo}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH} }