@PHDTHESIS{ 2018:1289633831, title = {A jornada feminina e o riso dos Orixás: os arquétipos junguianos na construção de personagens de Dona Flor e seus dois maridos}, year = {2018}, url = "http://tede.upf.br/jspui/handle/tede/1542", abstract = "A presente tese se volta para a construção das personagens dona Flor, Vadinho e Teodoro, em Dona Flor e seus dois maridos (1966), de Jorge Amado, a partir da teoria literária e do estudo dos arquétipos junguianos, particularmente através de imagens arquetípicas da mitologia dos orixás, como forma de representar literariamente a psiquê da protagonista, durante seu processo de individuação. Tais associações servem de base para encontrar mitemas que reatualizam a figura mítica da prostituta sagrada no romance, no qual a comicidade, através de seus desencadeadores, desvela, por meio da palavra, a sexualidade feminina que se encontra vigiada e encarcerada no plano psicológico e social. O primeiro capítulo pesquisa a teoria dos arquétipos junguianos, o conceito de inconsciente coletivo e as noções da psicologia analítica (C.G.JUNG, 2000, 2008, 2011; E.JUNG, 2011; VON FRANZ,1985, 1996; REICH, 1962, 1982), bem como revisita estudos antropológicos, especificamente de orientação junguiana, que evidenciam mitos e imagens arquetípicas, seus papéis e significados, interpretando-os como fonte dos padrões emocionais dos pensamentos, sentimentos e instintos que sobrevivem submersos no inconsciente coletivo (CAMPBELL, 1997, 2007; VOGLER, 2006; ELIADE, 2006). Destaca-se aqui o triângulo de orixás Oxum, Exu e Oxalá (VERGER, 1997; PRANDI, 2002; ZACHARIAS, 1998), compreendendo a primeira como hipóstase da Grande Deusa ancestral, cultuada em várias civilizações antigas pelas prostitutas sagradas (ABREU, 2007; QUALLS-CORBET, 1990). Estabelece-se ainda a relação entre mito e literatura a fim de definir as estruturas míticas como pilares da construção narrativa (DURAND, 1989, 2004; LEVI-STRAUSS, 1970). O segundo capítulo estuda as principais manifestações do riso na história do pensamento ocidental (ALBERTI, 2002; MINOIS, 2003), as teorias do humor (FREUD, 2006; LLERA, 2003), os tipos de riso e o reconhecimento dos mecanismos de comicidade (BERGSON, 1980; PROPP, 1992). O terceiro capítulo trata de verificar a construção das personagens dona Flor, Vadinho e Teodoro, pela perspectiva da teoria literária, dos arquétipos e dos mecanismos de comicidade, permitindo associá-las ao triângulo de orixás, Oxum, Exu e Oxalá, respectivamente, enquanto imagens arquetípicas que povoam o inconsciente coletivo, representando metaforicamente a psiquê da protagonista, ao mesmo tempo que provocam o riso. Aqui, demonstramos o processo de individuação de dona Flor, que ocorre ao projetar os quatro estágios do animus em seus dois maridos. O quarto capítulo distingue, no romance, os mitemas que reatualizam literariamente a jornada arquetípica da heroína, de modo representar o Mito da prostituta sagrada e a conotar o processo de individuação feminina. A evocação da jornada se dá através de elementos simbólicos e dispositivos derrisórios, os quais desnudam, por intermédio da palavra, os instintos sexuais femininos que se encontram velados no planos social e psicológico. À guisa de conclusão, percebemos que o fato de Jorge Amado colocar em cena a mitologia dos orixás, o tabu da sexualidade feminina e as manifestações do riso pode ser encarado como uma maneira de dar forma ao inconsciente coletivo, desnudar a repressão sexual e colocar o risível como aspecto constituinte da vida e da arte.", publisher = {Universidade de Passo Fundo}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras}, note = {Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH} }